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domingo, 14 de agosto de 2011

H.P.Lovecraft-A Coisa no Luar-Conto de Terror



                                                                                                ∗
                                                                       “A Coisa no Luar”          — H.P. Lovecraft

                                           Fonte: “A Tumba... e Outras Histórias”. Ed. Francisco Alves

        ORGAN NÃO É um literato; na verdade, ele mal consegue falar inglês com algum grau de
Mcoerência. É isso o que me faz estranhar as palavras que ele escreveu, embora outros tenham
gargalhado.
          Ele estava sozinho na noite em que aconteceu. Subitamente uma vontade incontrolável de
escrever lhe assomou, e tomando a pena na mão ele escreveu o seguinte:
          Meu nome é Howard Phillips. Vivo na Rua College, 66, em Providence, Rhode Island. A 24
de novembro de 1927 — pois não sei sequer em que ano estamos agora — adormeci e sonhei, e
desde então tem sido incapaz de despertar.
          Meu   sonho   teve   início   num   pântano   úmido  e   atulhado   de   juncos   que   jazia   sob   um   céu
cinzento de outono, com um desfiladeiro encapelado de rochas cobertas de liquens elevando-se ao
norte.   Impelido   por   alguma   motivação   obscura,   ascendi   à   uma   fenda   ou   fissura   nesse   gigantesco
precipício, notando enquanto o fazia que as bocas negras de muitos buracos terríveis estendendo-se
de ambas as partes até as profundezas do platô de pedra.
          Em   vários   pontos   a   passagem   era   coberta   pelo  chocalhar   das   partes   superiores   da   fissura
estreita; esses lugares sendo excessivamente escuros, e proibindo a percepção de tais buracos que
possam ter existido ali. Em tal espaço escuro senti consciência de um singular acesso de pânico,
como se alguma sutil e incorpórea emanação do  abismo   estivesse   engolindo   meu   espírito;   mas   a
escuridão era grande demais para que eu pudesse perceber a fonte de meu alarme.
          Concluindo, emergi sobre um platô de rocha musgosa e solo pobre, iluminado por um pálido
luar que havia substituído o orbe moribundo do dia. Lançando meus olhos ao redor, não vi objeto
vivo; mas estava sensível a uma comoção muito peculiar que vinha muito abaixo de mim, entre os
sussurrantes vestígios do pântano pestilento que eu havia acabado de abandonar.
          Depois    de  caminhar     por  uma    certa  distância,   encontrei    os  trilhos  enferrujados     de  uma
ferrovia    de   rua,  e  as  placas   comidas    de  cupins   ainda    seguravam     o  trole  em   boas   condições.
Acompanhando esta linha, logo dei com um carro amarelo de vestíbulos de número 1852 — de um
tipo de dois vagões comum entre 1900 e 1910. Não estava tinindo, mas evidentemente preparado
para partir; o trole estando no fio e o freio aéreo de quando em vez pulsando abaixo do chão. Entrei
a   bordo   e   olhei   em   vão   pelo   interruptor   de   luz   —   notando,   enquanto   o   fazia,   a   ausência   de
cabineiro,     que  assim   implicavam   a     ausência    do  motorneiro.     Então   sentei-me    num    dos   bancos
cruzados do veículo. Ouvi um farfalhar na grama esparsa à esquerda, e vi as formar escuras de dois
homens caminhando ao luar. Tinham os quepes de uma companhia ferroviária, e não pude duvidar
de que fossem o condutor e o motorneiro. Então um delesfungou  com presteza singular, e elevou o
rosto para uivar para a lua. O outro caiu de quatro para correr na direção do carro. Levantei-me de
um salto e corri como louco para fora daquele carro e atravessei intermináveis léguas de platô até
que a exaustão me forçou a parar: fazendo isto não porque o condutor tivesse caído de quatro, mas
porque o rosto do motorneiro era um simples cone branco com um tentáculo vermelho como sangue
na ponta...
          Eu estava ciente de que apenas sonhava, mas a própria consciência não me foi agradável.
          Desde aquela noite pavorosa, tenho rezado apenas para despertar: isso não acontece!
          Ao invés disso eu me encontro com um habitante deste terrível mundo dos sonhos! Aquela
primeira noite deu lugar à aurora, e caminhei sem rumo pelos pântanos solitários. Quando a noite
veio, eu ainda caminhava, esperando acordar. Mas subitamente abri caminho entre os juncos e vi à

∗  QUATRO   FRAGMENTOS   (Azathot,   The   Descendent,   The   Book,   The   Thing   in   the   Moonlight):   estes   fragmentos

descobertos   entre  os  papéis  de  Lovecraft  são  presumivelmente    suas  tentativas  de  se  estabelecer  em  formas
rudimentares, preparando-se para expansão em histórias mais longas, alguns de seus sonhos. Nenhum deles jamais foi
aumentado. Chaves para as fontes de sonhos destes fragmentos podem ser encontradas em cartas escritas por Lovecraft.

                                                            1

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minha frente o antigo bonde: e, a um lado, uma coisa com rosto em forma de conte levantava sua
cabeça e uivava estranhamente para o luar que se derramava!
        Tem sido a mesma coisa todo dia. A noite sempre me leva àquele lugar de horror. Tenho
tentado não me mover com a chegada da noite, mas devo andar em meu sonambulismo, pois sempre
acordo com a coisa de terror uivando à minha frente na pálida luz do luar, e viro-me e fujo como
um louco.
        Deus! Quando despertarei?
        Foi isso o que Morgan escreveu. Eu iria à Rua College 66, em Providence, mas tenho medo
do que posso encontrar lá.
(1934)

       
Fontes: www.sitelovecraft.com                                                      de3103@yahoo.com.br                                          2

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